Recessão e golpe empurram a indústria nacional para a pior crise de sua história. Em meio a dificuldades de manter o ritmo de recuperação da produção, 25.376 unidades industriais encerraram suas atividades de 2015 a 2018, conforme a CNC.

A recessão e o golpe de 2016 empurraram a indústria nacional para a pior crise de sua história. Em meio a dificuldades de manter o ritmo de recuperação da produção, a indústria de transformação encolheu significativamente no País. Ao menos 17 indústrias fecharam as portas por dia no Brasil ao longo de quatro anos. Ao todo, 25.376 unidades industriais encerraram suas atividades de 2015 a 2018, conforme levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

A extinção de unidades industriais é resultado do acúmulo de perdas na produção da indústria de transformação brasileira entre 2014 e 2016. Houve um início de recuperação em 2017 – mas o processo perdeu fôlego em 2018. De janeiro a novembro de 2019, últimos dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física do IBGE, a produção da indústria de transformação ficou praticamente estagnada.

Sem conseguir repor as perdas passadas, a indústria de transformação opera 18,4% abaixo do pico alcançado em março de 2011. “A transformação está praticamente parada. Se ela não cai, também não demonstra nenhum tipo de crescimento”, ressaltou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.

Se a produção industrial cresce, o impacto econômico é relevante. Cada aumento de um ponto porcentual gera abertura de, aproximadamente, 5,9 mil unidades produtivas no ano seguinte. Se cai, o número de fábricas em atividade diminui na mesma proporção, calcula Fabio Bentes, economista da Divisão Econômica da CNC e responsável pelo estudo. “O fechamento de unidades produtivas vai se intensificando e atinge um ápice também mais ou menos depois de um ano”, explica.

Segundo o estudo da CNC, o País tinha 384.721 unidades industriais de transformação em 2014. Desceu a 359.345 indústrias em 2018, queda de 6,6% no total de unidades. O Rio de Janeiro teve a maior queda no período (-12,7%). Perdeu 2.535 unidades em quatro anos. Em termos absolutos, o Estado de São Paulo teve a maior perda de unidades produtoras. Foram menos 7.312 unidades – uma redução de 7%.

A expectativa para a produção industrial nos próximos meses é dúbia. O processo de abertura da economia e a elevada capacidade ociosa do parque fabril podem adiar a inauguração de novas unidades industriais. Haverá dificuldade para a retomada mesmo em cenário de crescimento da fabricação de manufaturados. “Há expectativa de crescimento em torno de 2% na indústria (em 2020). Mas será que vai gerar cerca de 12 mil unidades produtivas em 2021? Acho pouco provável que isso ocorra”, diz Bentes.

Com informações do Estadão