O panorama da economia brasileira, com dados que contam efetivamente sobre a realidade do país, é desolador. São quase 30 milhões de trabalhadores ganhando no máximo um salário mínimo, a indústria, em declínio já há tempo, segue em queda livre e o trabalho precário assume proporções assustadoras. Não há como vislumbrar o desenvolvimento do país com esses indicadores.

As causas desse trágico cenário é a ascensão da ideologia que interage com a herança escravocrata brasileira. Nesse projeto de poder, ela sequer retoma aquela ideia de que é preciso crescer para depois distribuir os frutos do desenvolvimento.

Aliás, a ideia de desenvolvimento não frequenta o discurso do ministro Paulo Guedes – o novo czar da economia, com poderes plenipotenciários delegados pelo presidente Jair Bolsonaro –, um fanático pregador do neoliberalismo e do neocolonialismo. Sua ideia fixa de que o país precisa perseguir a “estabilidade monetária” a qualquer preço é a principal causadora dessa catástrofe social.

O desenvolvimento, associado à distribuição de renda, melhora a vida de todos e aumenta o poderio e a importância internacional do país. Mas isso não acontece por milagre do acaso, ou como decorrência de alguma abstração daquilo que Paulo Guedes chama de “humor dos mercados”. O Estado precisa domar o mercado e induzi-lo a fazer os investimentos necessários ao desenvolvimento.

Será a elevação do nível de absorção de bens e serviços que dará a dinâmica para a economia. O mercado de trabalho ganha escala e assim se cria o tão falado círculo econômico virtuoso. Em um cenário de grave crise econômica internacional, o Brasil deveria estar implementando esses mecanismos internos intensamente.

O governo Bolosnaro ignora essa coisa óbvia de que fórmulas matemáticas não devem substituir o desenvolvimento de um povo que habita uma região cheia de riquezas naturais. A política econômica de um país não pode ser determinada por simples conceitos monetários. Esta autossuficiência esclarece muitas coisas dos atuais problemas sociais e econômicos do Brasil.

O ministro Paulo Guedes tem se revelado um mestre na arte de manipular esses conceitos para encaixar sofismas e fazer promessas em tom de profecias, embevecido com o exercício do poder absoluto sobre a economia. Não há, no país, circulação de ideias a respeito desse tema. Encerrado em seu mundo blindado pela mídia, Paulo Guedes fala e faz o que bem entende.

Evidentemente, ele traduz um projeto, um programa elaborado pelo rentismo parasitário internacional. Essa é a essência da ideologia que move o governo Bolsonaro. Na contramão dos interesses nacionais, ele atrela o Brasil ao modelo nucleado pelo sistema norte-americano e interdita, com a desidratação do Estado, o caminho para um projeto nacional de desenvolvimento.

Uma economia do porte da brasileira tem suas forças internas, mas ela depende de relações com os países em desenvolvimento para valorizar os seus intercâmbios comerciais. Não serão os xerifes da economia mundial os responsáveis pela reversão dos números brasileiros recentemente revelados. Tampouco a pregação fundamentalista de que as “forças de mercado” substituem com sucesso a “vontade dos governos”.

Em resumo: para crescer e desenvolver-se, um país precisa, antes de tudo, aumentar a sua produtividade. Isso é feito, basicamente, pela incorporação de máquinas mais modernas, pela qualificação da mão-de-obra e pela adoção de formas mais eficientes de produzir. E a riqueza produzida precisa ser melhor distribuída por meio de investimentos sociais e infraestruturais, e da elevação da renda para quem vive de salário.

Vermelho