O senador Paulo Paim (PT-RS) acredita que o governo não conseguirá votar a reforma da Previdência até outubro deste ano. Ele disse ser importante que a sociedade se mobilize contra a proposta e fique atenta ao voto dos parlamentares, quando a reforma for analisada pelos deputados e senadores.

Paim afirmou que os trabalhadores irão pagar a conta do chamado déficit da Previdência, que, segundo ele, tem origem não nas regras atuais, mas no desvio de dinheiro do setor e na falta de pagamento das contribuições pelas grandes empresas.

Dados da CPI da Previdência, em funcionamento no Senado, indicam que, em 2015, só de valores descontados dos salários dos funcionários, mas não repassados pelas empresas às contas da Previdência Social, o total chega a R$ 35 bilhões.

— Porque quando eles [o governo] fazem a reforma, eles fortalecem os bancos, que são os grandes devedores. Quer que eu diga nome, eu vou dizendo já: Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, aí vai montadora, vai frigorífico, o mais famoso é esse JBS. Reforma da Previdência, não!” — completou.

Paulo Paim lamentou ainda que a Caixa Econômica Federal tenha anunciado o desejo de substituir os concursos pela contratação de trabalhadores terceirizados. Já o setor privado, segundo o senador, estuda substituir os trabalhadores contratados por tempo indeterminado por terceirizados ou por pessoas ligadas à empresa por intermédio de outros vínculos permitidos depois da entrada em vigor da nova lei trabalhista.

Como as recentes mudanças na legislação trabalhista impõem um prazo mínimo para que um trabalhador demitido seja contratado pela mesma empresa nas novas modalidades de contrato previstas nas regras que passarão a valer a partir de novembro, Paim denunciou alguns mecanismos para burlar essa determinação legal.

— [As empresas] estão se preparando para demitir aqueles que têm o contrato formal. E eles terão que deslocar para uma outra empresa, para a tal de quarentena, de não sei quantos dias, mas vão fazer parceria, vão para outra empresa, entram como "PJ" [pessoa jurídica], ou como autônomo exclusivo, ou entram como terceirizado, ou ficam desempregados. Essa é a tal de livre negociação.

                               

Fonte: Agência Senado, 09 de agosto de 2017