Por Carolina Freitas, Valor

O Partido dos Trabalhadores apresentou nesta sexta-feira (24) uma proposta de Bolsa Família turbinado, para fazer frente à iniciativa do governo Jair Bolsonaro de extinguir o programa criado na gestão petista e colocar no lugar o Renda Brasil.

Em reunião do diretório nacional do PT, produzida e transmitida via YouTube, a economista Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social e do Combate à Fome, falou sobre as diretrizes do programa batizado de Mais Bolsa Família.

A ideia é que a proposta petista seja levada ao Senado e à Câmara pelos parlamentares do partido e que, uma vez em discussão, sirva como base para que o PT não perca a marca do partido que criou e implantou no Brasil programas de transferência de renda.

Tereza Campello explicou que o Mais Bolsa Família quer aumentar o valor pago às famílias e ampliar a base de beneficiários, para incluir não só pobres, mas também a população que passa a ser considerada vulnerável, pelo critério da renda.

“Todas as famílias brasileiras com renda por pessoa de até R$ 600 passam a ser atendidas pelo Mais Bolsa Família”, explicou Tereza. “O benefício médio por família no Brasil passaria a ser de R$ 640.”

No cenário atual, o PT calcula que o Mais Bolsa Família atenderia 30 milhões de famílias ao custo mensal de R$ 19 bilhões. Hoje, o Bolsa Família ainda é pago, mas está para terminar o pagamento temporário de auxílio emergencial mensal de R$ 600 concedido pelo governo Bolsonaro a informais e pessoas de baixa renda durante a pandemia.

O Mais Bolsa Família propõe alterar a linha de extrema pobreza de R$ 89 para R$ 178 de renda mensal por pessoa. Da mesma forma, a linha de pobreza deixaria de ser de R$ 300 e passaria a R$ 600.

“O Bolsa Família pode, melhor do que qualquer outra mágica, ser o programa para alcançar a população pobre”, disse a ex-ministra. Segundo Tereza, uma família com quatro pessoas e renda total de R$ 2.400 teria direito a ser incluída no Bolsa Família turbinado. “Queremos que o benefício seja universal entre os vulneráveis”, explicou.

A economista avaliou o Renda Brasil, gestada no governo Bolsonaro, como um “combo de maldades” que extingue o Bolsa Família, tira direitos dos trabalhadores e desorganiza o sistema único de assistência social brasileiro. “O governo atual está tirando vantagem da tragédia social e acelerando o processo de desmonte da agenda de proteção aos mais pobres, por meio do Renda Brasil”, disse Tereza.


Para a ex-ministra, o presidente Jair Bolsonaro quer acabar com o Bolsa Família por razões políticas. “Querem apagar as digitais do governo Lula e Dilma da assistência à população mais pobre.”

Valor Investe