Por Viviane Sousa, GloboNews

A quantidade de trabalhadores brasileiros procurando emprego há mais de um ano atingiu 6,749 milhões de pessoas no segundo trimestre de 2021. O volume representa 46,8% do total de desocupados (14,444 milhões) e é o mais alto desde 2012, início da série histórica.

Os dados fazem parte de um levantamento feito pela Tendências Consultoria, com base nos dados da Pnad Contínua do IBGE, obtido com exclusividade pela Globonews.

O levantamento mostra que o percentual de 46,8% atingido no segundo trimestre deste ano é 16 pontos percentuais maior que o registrado no mesmo período do ano passado. Os dados demonstram a elevação do desemprego de longa duração.

De acordo com o economista responsável pelo levantamento, a perda de capital humano causada por trabalhadores desempregados por tempo muito longo tende a reduzir o potencial de crescimento da economia no médio e longo prazo. Os trabalhadores, consequentemente, desaprendem tarefas, se desatualizam em relação às novas práticas e têm dificuldade em ser tão produtivos quanto antes.

Jovens de 18 a 24 anos

O estudo também aponta um alto volume de desempregados entre 18 e 24 anos, que já somam 4,2 milhões de desocupados nesta faixa etária. A taxa de desocupação entre os jovens ficou em 29,5% no segundo trimestre deste ano.

A diferença entre a taxa de desocupação entre jovens e os trabalhadores no geral aumentou. Historicamente, essa diferença é alta em alguns países do mundo, mas no Brasil ela se agravou ainda mais durante a pandemia.

A diferença percentual da taxa de desocupação entre os jovens e os demais trabalhadores era 13,8 pontos percentuais no 2º trimestre de 2019 e aumentou para 15,4 pontos percentuais no segundo trimestre deste ano.

Segundo a Tendências, o atraso desses jovens para se inserir no mercado de trabalho deve gerar um "efeito cicatriz", quando a desocupação ou a permanência em posições de trabalho precário acarretam efeitos adversos à carreira futura.

Como os primeiros anos de treinamento são essenciais ao desenvolvimento profissional, os jovens que iniciam suas carreiras em uma crise estarão em desvantagem duradoura, pois seus salários, oportunidades e confiança no local de trabalho podem nunca se recuperar totalmente.

Desigualdade regional

O levantamento ainda aponta que a recuperação do mercado de trabalho permanece mais lenta nos estados com maior vulnerabilidade econômica.

As maiores diferenças percentuais da taxa de desocupação, entre o 4º trimestre de 2019 e o 2º trimestre de 2021, permanecem nas regiões Norte e Nordeste — quando alguns dos estados registraram nível recorde da série histórica, como Pernambuco (21,8%), Maranhão (16,9%), Ceará (15,2%), Piauí (14,6%) e Pará (13,3%).

Fonte: G1

https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/10/15/67-milhoes-de-pessoas-procuram-emprego-ha-mais-de-um-ano-no-brasil.ghtml