por Flavio Lima



Um novo governo provavelmente manteria a equipe econômica intocada, incluindo todo o ministério da Fazenda e o Banco Central, avalia o Deutsche Bank em relatório sobre o Brasil. Em meio ao envolvimento do presidente Michel Temer em delação feita pela empresa JBS, a equipe do banco alemão assume como hipótese que o Congresso Nacional deve eleger um novo presidente e que exista algum tipo de acordo político para dirigir o país até a próxima eleição em 2018. O Deutsche diz, porém, ser "difícil imaginar" que as reformas avançariam neste tipo de ambiente. O Congresso já está bastante relutante em aprovar a reforma da Previdência, e a liderança política de Temer e seus aliados mais próximos são preponderantes para fazer isso acontecer". Com a enorme incerteza política pela frente, o Deutsche espera alta do risco-país, desvalorização cambial e elevação dos juros futuros. Para a equipe, a baixa inflação e a recuperação econômica lenta ainda permitem que o Banco Central mantenha a trajetória de queda dos juros, mas a depreciação cambial pode se tornar um grande problema a afetar os preços. "Parece que o corte de 1,25 ponto percentual se tornou muito menos provável", diz a equipe. Sobre as eleições de 2018, o Deutsche afirma que, como a reputação do sistema político está severamente danificada, as chances de um "outsider" ser eleito aumenta. Em teoria, dizem os economistas, o novo cenário poderia alavancar a candidatura do prefeito de São Paulo, João Doria, ainda que o PSDB tenha recebido um "grande golpe" pelas alegações contra o senador Aécio Neves. O banco ressalta, no entanto, a distância de Doria em relação aos líderes do partido, observada, por exemplo, na ausência do prefeito de São Paulo no programa do PSDB. Para o Deutsche, o ex-presidente Lula também deve ser favorecido pelo cenário. Em uma situação em que um número grande de político é visto como corrupto, as acusações que pesam sobre o ex-presidente Lula perdem alguma relevância, beneficiando-o. O Deutsche avalia que o PT pode liderar um movimento para eleições diretas imediatas para presidente. No entanto, isso é visto como algo improvável, uma vez que esta opção não está prevista na Constituição e o PT não tem maioria no Congresso. 




Fonte: Bem Paraná / Folhapress, 19 de maio de 2017.