TERCEIRA LEVA

A Procuradoria-Geral da República protocolou nesta segunda-feira (23/1) denúncias contra mais 54 bolsonaristas envolvidos nos ataques antidemocráticos à Praça dos Três Poderes, em Brasília, no último dia 8. Com isso, já existem ações penais contra 98 envolvidos.

Os denunciados foram detidos no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, na capital federal, e responderão por associação criminosa e incitação de animosidade das Forças Armadas contra os Poderes constitucionais.

Esta é a terceira leva de denúncias da PGR contra participantes dos atos golpistas enviadas ao Supremo Tribunal Federal. As 54 pessoas já passaram por audiência de custódia e suas prisões preventivas foram decretadas.

Nas denúncias, o subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, afirmou que "havia uma evidente estrutura a garantir perenidade, estabilidade e permanência" dos manifestantes no acampamento.

Conforme documentos, imagens e mensagens obtidos pelos investigadores, o acampamento funcionava como uma espécie de vila, com local para refeições, feira, transporte, atendimento médico, sala para teatro de fantoches, massoterapia, carregamento de aparelhos e até assistência religiosa.

Investigações em andamento


Os fatos do dia 8 vêm sendo apurados pelo Ministério Público Federal em quatro núcleos, cada um voltado a um tipo de participante: executores materiais; autores intelectuais e instigadores; financiadores; e agentes públicos que se omitiram.

No entanto, Carlos Frederico Santos explica que não é possível denunciar os envolvidos também por terrorismo. Isso porque, conforme a Lei Antiterrorismo, tal crime abrange somente condutas praticadas por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião. "Não faz parte dos tipos penais o cometimento de crimes — por mais graves que possam ser — por razões políticas", indica ele.

O MPF também pede a substituição das prisões preventivas por medidas cautelares, como proibição de acesso a redes sociais ou de contato com os demais investigados e com qualquer estabelecimento militar.

Isso porque as penas máximas para os crimes denunciados não ultrapassam quatro anos de prisão — uma condição para a preventiva. Além disso, com o acampamento desfeito, os investigados não teriam capacidade de colocar em risco a ordem pública, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal.

O órgão ainda pede novas medidas para a continuidade das investigações e requer que as testemunhas sejam ouvidas em blocos de 30 denúncias, devido ao grande número de envolvidos, para agilizar os próximos passos. Com informações da assessoria de imprensa do MPF.

Clique aqui para ler uma das denúncias

Revista Consultor Jurídico

https://www.conjur.com.br/2023-jan-23/pgr-denuncia-54-bolsonaristas-envolvidos-ataques-dia