O Paraná vive uma recuperação dos postos de trabalho. Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostram que de janeiro a outubro o Estado abriu 34.822 vagas. Mas esse volume é um terço dos postos perdidos desde 2014, quando a crise econômica se instalou. O paranaense também perdeu em massa de rendimento (3,9%). Os trabalhadores informais foram os que mais sentiram a queda nos rendimentos (6,3%).

De acordo com dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicilio) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2014 a massa de rendimento paranaense era de R$ 12.555 bilhões e em 2017, caiu para R$ 12.066 bi. A massa do Brasil este ano está em R$ 124 bilhões, uma queda de 2,5% desde o início da crise (2014). "A massa do Paraná não caiu mais porque você tirou do mercado gente que ganhava pouco", avaliou Simar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. 

O rendimento médio mensal sofreu redução de 2% no Estado, ficando em R$ 2.267 no terceiro trimestre deste ano. Enquanto o nacional permanece estável. Os trabalhadores informais sentiram mais o baque. O rendimento médio mensal teve uma diminuição de 6,3%. Em 2014, era de R$ 2.122 e caiu para R$ 1.880, em 2017. "Com o desemprego, muitas pessoas montaram seus negócios, principalmente na área de alimentação, onde o rendimento é menor. Isso afeta a média do Paraná. Também percebe-se uma precarização desse tipo de atividade", explicou o coordenador. 

"Perdemos 96.957 postos de trabalho, segundo o Caged, desde 2014, isso já explica a queda do rendimento médio. São 30 a 33 mil novas empresas que entraram concorrendo com as que estão instaladas, precarizando a renda de quem estava estabelecido", disse o economista Marcos Rambalducci, professor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e colunista da FOLHA, referindo-se aos trabalhadores que se transformam em microempreendedores individuais. 

No ápice da crise, o percentual de perdas foi mais acentuado, mas a massa ganhou fôlego com a liberação do FGTS inativo. "Percebemos que a ação do governo teve impacto no rendimento, pois a composição da massa leva em consideração todos os rendimentos como salário, FGTS, bolsa família, deixando a massa na estabilidade", afirmou o economista Jefferson Marcondes Ferreira, membro do Comitê Macroeconômico do ISAE/FGV. 

Na avaliação do economista a perda de postos de trabalho na indústria, onde os salários são mais altos do que nos setores de serviço e comércio puxou a baixa. "Essa queda do rendimento médio do paranaense é retração do mercado de trabalho e da indústria", disse. Segundo ele, a recuperação da massa de rendimentos vai demandar tempo, principalmente pela grande oferta de mão de obra no mercado. "Não tem como termos os mesmos níveis de salários de 2012, 2014, quando o Estado vivia situação de pleno emprego", afirmou Ferreira. 

Rambalducci fala que, mesmo que os salários fiquem abaixo dos níveis de 2014, o volume de contratações vai crescer e pode-se ter uma massa de rendimentos maior, com salários médios menores. "Isso vai se corrigir com a retomada dos emprego", disse o economista. 

Esse movimento é percebido quando se compara o indicador de três em três meses. O valor médio de junho, julho e agosto foi de R$ 2.112. Quando o indicador leva em consideração julho, agosto e setembro, o valor sobe para R$ 2.119 e quando sai julho e acrescenta-se outubro, a média aumenta para R$ 2.127.

                      

Fonte: Folha de Londrina, 27 de dezembro de 2017