No dia 13 de março de 1964, o presidente João Goulart discursava em um palanque montado na Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Jango reuniu milhares de brasileiros para o lendário Comício das Reformas.

Cerca de 200 mil pessoas acompanharam seu discurso, que foi encerrado com as seguintes palavras: "Não apenas pela reforma agrária, mas pela reforma tributária, pela reforma eleitoral ampla, pelo voto do analfabeto, pela elegibilidade de todos os brasileiros, pela pureza da vida democrática, pela emancipação, pela justiça social e pelo progresso do Brasil".

João Vicente Goulart discursa no Congresso Nacional

                             

A Agência Sindical ouviu João Vicente Goulart, filho do presidente Jango. Ele destaca que o discurso do pai nunca perde a validade. "Foi naquele momento que se assinou o monopólio do petróleo para a Petrobras, tanto na extração quanto no refino, além do decreto de reforma agrária. Foi um instante de nacionalismo muito grande. Momento que, 54 anos depois, estamos voltando a extrair de nossas raízes as bases para o futuro", lembra.

João Vicente Goulart afirma que o discurso de Jango tem tudo a ver com o momento que País vem passando. "A proposta do nacional desenvolvimentismo ainda não foi realizada no Brasil. Ela nunca foi tão atual, ante os crimes que estão sendo praticados contra a economia e o patrimônio público do nosso País", diz.

"O governo quer entregar a Eletrobras, criada por João Goulart. O 13º salário está sendo liquidado com a terceirização. Hoje, cada vez mais, o numero de trabalhadores com Carteira assinada está menor", ressalta João Vicente.

Para ele, as propostas feitas por Jango no comício de 1964 são muito atuais. "Uma delas é a lei de remessa de lucros. Outra proposta foi a reforma da educação. Nós estamos vendo essa violência nas escolas. Naquela época, Darcy Ribeiro já dizia que se não construíssemos escolas dali 20 anos estaríamos construindo presídios. O governo atual está liberando bilhões para os Estados construírem mais prisões", destaca.

João Vicente diz que é preciso retomar a luta pelas reformas de base. "A educação tem que ser responsabilidade do Estado e da União. Precisamos retomar a economia, que foi desnacionalizada, principalmente as grandes empresas estratégicas", afirma.

Nesta terça (13), às 16 horas, na Central do Brasil, João Vicente Goulart fará a leitura do discurso de Jango, como forma de homenagear o pai.

Abaixo o vídeo produzido pela Univesp em 2014, data em que se comemorou os 50 anos do discurso de Jango

                 

Fonte: Agência Sindical, 14 de março de 2018