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Coordenador do programa econômico de Meirelles diz que teto dos gastos públicos é insustentável sem a reforma da Previdência
Marcelo Camargo/ABr

O coordenador das propostas econômicas do candidato do MDB à Presidência, Henrique Meirelles, o economista José Márcio Camargo, defendeu o congelamento dos salários dos funcionários públicos por quatro anos para ajudar a equilibrar as finanças públicas. A proposta foi defendida por ele em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

“Todos os trabalhadores sofrem muito com a crise. Os funcionários públicos têm de dar um pouco desta cota. Temos de fazer um congelamento (dos salários), por quatro anos, eu diria. Não há uma decisão ainda na chapa, mas esta é minha avaliação”, disse. “Minha avaliação é que os funcionários públicos têm uma média (salarial) muito acima da dos trabalhadores”, acrescentou.

Na entrevista o economista disse que a prioridade de Meirelles, se eleito, será a reforma da Previdência. Para Camargo, a Previdência do setor público é um grave foco de desigualdade que contribui para o aumento do déficit. Segundo ele, a reforma previdenciária é fundamental para a manutenção do teto dos gastos públicos, fixado na Constituição a pedido de Meirelles.

“O teto só é sustentável com a reforma da Previdência. Caso contrário, em 20 anos, o gasto público vai ser só com Previdência. Como o gasto público do governo federal passou de 20% para 35% do PIB, excluindo-se os juros, o teto tem de ser rígido, para não aumentar gasto”, declarou.

José Márcio Camargo acredita que o país tem condições de atrair investimento privado para resolver o problema do desemprego a médio prazo. “O país tem condições, sim, de, uma vez estabilizado, atrair investimento privado para gerar, não sei se 10 milhões de empregos, mas uma quantidade suficiente que vai resolver o problema do desemprego no médio prazo”, afirmou, em referência ao número de empregos prometidos por Meirelles caso seja eleito.

O economista ressaltou que essas ocupações não serão necessariamente formais. “Em 2017, a economia cresceu 1,1% e foram gerados 1,851 milhão de ocupações no Brasil. Isso inclui trabalho com carteira, sem carteira e por conta própria. Se no ano passado foi possível isso, acho que, se conseguirmos crescer 3,5%, que é o nosso objetivo, vamos gerar 10 milhões de ocupações, não necessariamente empregos formais.”

Fonte: Congresso em Foco, 14 de setembro de 2018.