Sergio Luiz Leite
é presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias 
Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo (FEQUIMFAR)
e 1º secretário da Força Sindical.

                               

Cercado de ataques por todos os lados, o movimento sindical brasileiro está provando e comprovando que é mesmo bom de briga.

Mais que isso, as Centrais Sindicais e as principais Federações, como a dos Químicos e Farmacêuticos do Estado de São Paulo, que reúne os Sindicatos das duas categorias e é representada por mim e pela combativa diretoria, têm conseguido, pela via da mobilização das bases e da realização de grandes lutas, resgatar o que parecia perdido nos últimos anos: o protagonismo na cena política e econômica do Brasil.

Em resumo: voltamos a pautar o grande debate nacional. Durante os governo de Lula e o primeiro quadriênio de Dilma, marcados pela elevação do PIB, explosão do emprego e ganhos salariais, o movimento sindical exerceu um papel de coadjuvante no exuberante ‘Espetáculo do Crescimento’.

Sem ameaças a direitos e conquistas dos trabalhadores, mas atendendo sim a reivindicações históricas como a legalização das Centrais Sindicais, a gestão Lula trabalhou uma agenda que se combinava com a pauta trabalhista.

Mais confusa e errática, a gestão Dilma manteve a postura positiva em sua primeira parte, mas inaugurou seu segundo mandato insurgindo-se contra garantias como o seguro-desemprego. A partir deste erro crasso e por muitos outros a seguir, caiu.

As trapalhadas de Dilma mostraram ao movimento sindical que o tempo do desfrute e da contemplação vividos com Lula chegara ao fim. A guinada na orientação do governo dito trabalhista representou uma grave quebra de compromisso e, nessa medida, surpreendeu a maioria dos sindicalistas.

O que não se sabia dois anos atrás, porém, quando Dilma começou seu declínio e Michel Temer foi sendo alçado ao poder, é que viria pela frente a mais pesada e articulada ‘blitzkrieg’ contra direitos trabalhistas de toda a história do Brasil. Temer, no primeiro instante, promoveu diálogo e atraiu as Centrais para seu convívio. Mas as propostas draconianas de reformas, com a imposição da terceirização, o desmonte da Previdência e o desmanche de toda a estrutura sindical vigente, nunca fizeram parte dos nossos debates com o governo.

A boa notícia é que, frente ao ataque, o movimento sindical saiu do longo estado de letargia. Reagiu. Levantou-se e construiu um período de lutas que já as inscrevem entre as maiores de todos os tempos.

A jornada nacional de paralisações e manifestações do dia 15 de março, a greve geral nacional do dia 28 de abril, o grande 1º de Maio da Força Sindical em São Paulo e, noutro ato espetacular, a Marcha a Brasília em 24 de maio, quando 100 mil trabalhadores, chegados de todas as regiões do País, mostraram sua indignação diante do Congresso Nacional, são os marcos dessa heroica jornada.

A partir do momento em que saíram às ruas, coordenados por suas entidades sindicais e com bandeiras bem definidas e claras e estratégias bem traçadas, os trabalhadores retomaram sua voz.

No Congresso Nacional, as articulações voltaram a incluir os trabalhadores. Nesse ponto, é preciso destacar o papel estratégico cumprido pelos deputados federais Paulinho da Força, presidente da nossa Força Sindical, e Bebeto, do PSB da Bahia, sempre coerente e propositivo.


Usando as armas pacíficas da mobilização e do convencimento, os trabalhadores brasileiros estão dando seguidas lições de que a solução para os problemas do Brasil está conosco – e nunca entre os que agem contra a classe trabalhadora e querem a submissão do povo brasileiro.


A guerra ideológica sobre o caráter das reformas, qualquer que venha a ser o resultado das próximas votações no Congresso, está ganha pela maioria da população brasileira. Os trabalhadores voltaram a ser protagonistas e dessa posição pretendemos avançar cada vez mais.

              

Fonte: Agência Sindical 13 de junho de 2017