Com expansão de 15% no ano, o comércio de combustíveis e lubrificantes tem o melhor desempenho no Estado

                        

Na contramão do cenário nacional, o varejo paranaense encolheu 0,5% em abril perante março deste ano, na série do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com ajuste sazonal. Na média nacional, houve expansão de 1%. Quinze Estados apresentaram resultados positivos. Quando a comparação é com abril de 2016, no entanto, o comércio do Paraná apresenta expansão de 4,51%, maior que a média brasileira, de 1,98%. No acumulado do ano, o varejo do Estado tem 1,4% de crescimento contra redução de 1,6% do País, na série sem ajuste sazonal. 

Segundo o IBGE, o segmento de combustíveis e lubrificantes vem segurando o comércio estadual. A atividade cresceu praticamente 18% em abril e mantém uma expansão acumulada de 15,2% no ano. A pior situação por segmento, segundo a pesquisa, é a dos móveis, cujas vendas recuaram 23,8% em abril, apresentando um resultado acumulado negativo em 31% no ano. 

Para Diogo Decker, dono do Auto Posto Cupimzão, a queda no preço dos combustíveis pode ser uma explicação para o aumento na comercialização de gasolina e do etanol. "Possivelmente, o consumo aumentou devido à queda nos preços", afirma. Em abril do ano passado, o empresário vendia gasolina a R$ 3,70 e hoje vende a R$ 3,38. Decker diz ter adotado uma estratégia de melhorar o padrão do atendimento, com treinamento de pessoal. Ele acredita que esse fato também tenha ajudado seus postos a aumentarem o faturamento em 30% neste ano. O tíquete médio, segundo ele, cresceu de R$ 67 para R$ 87. 

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Cláudio Tedeschi, afirma que está muito difícil analisar os números da economia brasileira. "O mercado está nervoso, um dia a gente tem um número positivo e no outro um negativo. É a instabilidade política que afeta a nossa economia", declara. Para Tedeschi, o ano começou muito bem, prometendo uma recuperação sustentável, mas, com o escândalo envolvendo a JBS, a economia voltou a ficar instável. 

           

                      

CENÁRIO NACIONAL 

A alta de 1,0% nas vendas do varejo brasileiro em abril ante março ocorreu em três das oito atividades pesquisadas pelo IBGE. Mesmo com a alta, o nível de vendas está 9,9% abaixo do pico histórico, registrado em novembro de 2014. O destaque foi o segmento de "hipermercados, supermercados, produtos alimentícios e fumo", com alta de 0,9% na passagem de março para abril. A gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Isabella Nunes, chamou atenção para o fato de a alta de 0,9% em abril ante março ter sido precedida de quedas em março e fevereiro, com um recuo acumulado de cerca de 6,0%. 

O desempenho das vendas nos supermercados foi influenciado pela redução da inflação e teve "algum impacto" da liberação das contas inativas do FGTS, afirmou Isabella. Também registraram altas as atividades "tecidos, vestuário e calçados" (3,5%) e "equipamentos e material para escritório, informática e comunicação" (10,2%). "Embora seja um resultado positivo, ele não está disseminado entre as atividades", disse Isabella. No sentido oposto, as vendas do varejo de móveis e eletrodomésticos caíram 2,8% em abril ante março.

A coordenadora disse haver no desemprenho do varejo em abril um "efeito calendário", por causa do feriado da Páscoa, e uma base de comparação deprimida. A Páscoa foi em abril neste ano, enquanto, em 2016, o feriado foi em março. Nas contas de Isabella, sem o efeito da Páscoa, o crescimento das vendas do varejo em abril seria de apenas 0,2% ante igual mês de 2016. (Com Agência Estado)

                   

Fonte: Folha de Londrina, 14 de junho de 2017