Chame os veteranos A equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) começou a se mexer para viabilizar a aprovação de uma reforma da Previdência ainda neste ano, antes da posse do novo governo. O futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), recrutou um grupo de deputados influentes da velha guarda da Câmara para articular a votação. Eles avaliam alternativas para conciliar o projeto enviado pelo governo Michel Temer (MDB) ao Congresso e as propostas em estudo na equipe de Bolsonaro.

Em sintonia Temer e Bolsonaro discutiram o assunto no encontro que tiveram nesta quarta (7) no Palácio do Planalto. Uma das possibilidades seria propor mudanças nas aposentadorias que não dependam de emenda constitucional e possam ser aprovadas mais facilmente na Câmara.

Com a digital Outra hipótese seria o presidente eleito aproveitar sua condição de deputado federal e apresentar ele mesmo um substitutivo ao projeto do governo Temer, dando peso à iniciativa. Uma alternativa seria seu filho Eduardo, que também é deputado, assinar a proposta.

É só fazer força Na avaliação de um ministro do governo Temer, o movimento terá condições de contornar as resistências do Congresso à reforma se o presidente e seu sucessor agirem juntos e às claras.

Prêmio depois O grupo mobilizado pela equipe de Bolsonaro inclui parlamentares que estiveram à frente da campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) e que não se reelegeram neste ano. Aliados do presidente eleito dizem que eles poderão ocupar cargos no futuro governo.

Carta marcada A aprovação do reajuste dos salários do Judiciário foi um dos primeiros pedidos feitos pelo ministro Dias Toffoli ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), após assumir a presidência do Supremo Tribunal Federal, em setembro. Na época, ficou acertado que o projeto seria levado ao plenário logo depois da eleição.

Agora é com ele Para convencer o senador, Toffoli se comprometeu a trabalhar pelo fim do auxílio-moradia dos juízes, o que compensaria os custos do reajuste salarial. O fim do benefício depende do julgamento de ações que estão na corte há mais de quatro anos.

Próximo passo Confirmada a indicação da deputada Tereza Cristina (DEM-MS) para o Ministério da Agricultura, a bancada ruralista defende a escolha de um ministro com perfil técnico para a pasta do Meio Ambiente, sem vínculo com o agronegócio nem identificação com os ambientalistas.

De dentro Contribuiu para a decisão de Bolsonaro de manter as pastas da Agricultura e do Meio Ambiente separadas a oposição de militares e outros integrantes de sua equipe à ideia, incluindo os generais Augusto Heleno e Oswaldo Ferreira, que devem assumir outros postos no ministério.

Perigo à vista Chefe do Ministério Público do Trabalho, o procurador-geral Ronaldo Fleury teme que a extinção do ministério da área por Bolsonaro prejudique ações de combate ao trabalho escravo, criando riscos para exportadores brasileiros que podem sofrer questionamentos de parceiros comerciais no exterior.

Na cabeceira O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), indicou seu secretário de Planejamento e Gestão, Maurício Juvenal, para conduzir o processo de transição na administração do estado. A primeira reunião com a equipe do governador eleito João Doria (PSDB) está marcada para o próximo dia 21.

Visitas à Folha Gilberto Occhi, ministro da Saúde, visitou a Folha nesta quarta (7), onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Francisco de Assis Figueiredo, secretário de Atenção à Saúde, e Renato Strauss, chefe da assessoria de imprensa.

José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, visitou a Folhanesta quarta (7). Estava acompanhado de Francisca Rodrigues, pró-reitora, e Leila Reis, assessora de imprensa.


TIROTEIO

O nome não importa se as ações de proteção do trabalhador e do emprego forem mantidas como políticas de Estado

Do deputado Ronaldo Nogueira (PTB-RS), ex-ministro do Trabalho, sobre decisão de Jair Bolsonaro de extinguir a pasta em seu governo

RICARDO BALTHAZAR (interino), com THAIS ARBEX e JULIA CHAIB


Folha de S.Paulo, 9 de novembro de 2018.