Manda quem pode  A sequência de informações desencontradas, recuos e notícias desfavoráveis a integrantes do governo de Jair Bolsonaro assustou dirigentes de legendas que estão alinhadas à nova gestão. A avaliação é a de que os nomes que estão na linha de frente da administração vêm abusando do direito de errar e que ou o presidente dá, e logo, um freio de arrumação em sua casa ou pode encontrar na volta do recesso um Congresso hostil e disposto a apostar na desorganização para extrair vantagens.

Dite o rumo Dirigentes partidários experientes dizem que há, sim, tempo para recolocar as coisas em ordem, mas ressaltam que Bolsonaro, pessoalmente, deve enquadrar seu pessoal e rearranjar a forma do governo de se comunicar.

Note e anote Nos últimos dias, o presidente anunciou aumento do IOF, revisão da tabela do imposto de renda e uma idade mínima para a reforma da Previdência. Foi desmentido. Depois, a tese de que o país poderia abrigar uma base militar americana foi abandonada. E, após duas reuniões ministeriais, nada de metas.

Note e anote 2 As cerejas do bolo foram as notícias de que Onyx Lorenzoni (Casa Civil) usou notas fiscais sequenciais da empresa de um amigo para solicitar verba indenizatória da Câmara, dada pelo Zero Hora, e a mega promoção obtida pelo filho do vice-presidente, Hamilton Mourão, no Banco do Brasil.

Indigesto As duas revelações bateram quadrado na base do governo. Integrantes do Planalto chegaram a defender reservadamente a revogação da nomeação do filho de Mourão. Já entre membros do PSL, houve questionamentos sobre as vantagens de se manter Onyx, já alvo de acusações de caixa 2, no governo.

Inferno são os outros Entidades vinculadas à Justiça do Trabalho organizam manifestação, em Brasília, no início de fevereiro, logo após o Congresso retomar os trabalhos. O ato será uma reação à disposição de Bolsonaro de extinguir esse braço do sistema.

Togas em marcha As associações dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), dos Advogados Trabalhistas, dos Procuradores do Trabalho e presidentes e corregedores de tribunais regionais tocam a mobilização, marcada para o dia 5.

Deixe-me ir O ex-procurador-geral Rodrigo Janot entregou pedido de aposentadoria ao Ministério Público Federal. A avaliação interna é a de que ele esperou Michel Temer deixar a Presidência para fazer a solicitação. Janot travou dura batalha com o antigo governo após a delação da JBS.

Abram alas O juiz Friedmann Anderson Wendpap, da 1ª Vara Federal de Curitiba, despontou entre colegas como o favorito para a vaga de Sergio Moro. O edital respeita critério de antiguidade na carreira, e ele está bem posicionado.

Pari passu A inteligência do governo federal monitora diariamente a crise de segurança no Ceará. A avaliação interna até esta terça (8) era a de que a onda de crimes está ligada a questões locais, sem a atuação de facções nacionais, como o PCC.

Prepara Os ataques no Ceará reabriram conversas pró-votação no Congresso de propostas que endureçam punições a criminosos. Na linha de frente das medidas está sugestão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que muda a progressão do regime de pena para crimes graves.

Prepara 2 Pelo texto, réus primários teriam que cumprir, no mínimo, 1/3 da pena para reivindicar o benefício. Os reincidentes, a metade.

Antes que seja tarde O Conselho Nacional de Justiça quer acelerar a assinatura de uma cooperação técnica com o Tribunal de Justiça do Ceará para implantar um sistema que ajude a corte a fazer uma triagem em seus processos, corrigindo atrasos ou erros de cálculo no cumprimento de penas.

Visita à Folha Alexandre Schneider, ex-secretário municipal de Educação de São Paulo, visitou a Folha nesta terça (8), onde foi recebido em almoço.


TIROTEIO

Para um governo que disse que iria moralizar as estatais, este acabou se revelando santinho do pau oco muito rápido

De João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, sobre a promoção biônica do filho do vice Hamilton Mourão no BB

Folha de S.Paulo