A utilização das redes em processos de seleção e recrutamento tem se tornado cada vez mais comum. Especialistas recomendam cuidado com a imagem e cautela com posts.

As fotos daquela última festa que foram parar nas redes sociais podem custar seu próximo emprego. É cada vez mais comum a utilização das redes nos processos de recrutamento e seleção de profissionais, seja na divulgação de oportunidades ou em consultas ao perfil dos candidatos. Especialistas garantem que, esteja você procurando emprego ou não, zelar pela imagem nas redes sociais é tão importante quanto ter um bom currículo.
Uma pesquisa feita pelo CareerBuilder, site norte-americano de carreiras, com mais de 5 mil empregadores, mostrou que 60% deles usam as redes sociais para pesquisar candidatos nos Estados Unidos. E, muitas vezes, eles não gostam nada do que encontram por lá: entre os que pesquisam a vida dos candidatos online, 49% dizem ter encontrado ali informações para desistir da contratação.
Mesmo que você não esteja planejando trocar de emprego, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém: 41% dos entrevistados dizem usar as redes sociais para pesquisar os atuais funcionários – e 26% dizem já ter encontrado conteúdo que os levou a repreender ou demitir um empregado.
Facebook, Instagram, Twitter, LinkedIn, Youtube, Google+, Snapchat, Tumbrl, Pinterest. O rol de redes sociais é cada vez mais extenso, mas, algumas delas são mais utilizadas pelos recrutadores. "Facebook e LinkedIn acabam centralizando esse processo porque estão entre as mais utilizadas. Instagram e Twitter, por exemplo, são redes menos personalizadas pelas pessoas", explica Juliana Palermo, coordenadora de marketing da Randstad.
A Randstad, uma das maiores companhias de Recursos Humanos no mundo, não tem, segundo Palermo, a prática de "investigar" comportamentos de candidatos nas redes, mas ela garante que isso é bastante comum em outras consultorias. "Nós utilizamos as redes muito mais para captação de candidatos e divulgação de vagas do que para pesquisa de perfil do candidato. Mas muitas empresas fazem isso: utilizam essas ferramentas para analisar se o candidato é adequado ou não", explica.
Por isso, apesar de muita gente pensar as redes sociais apenas como ferramenta de descontração, é preciso ter ali os mesmos cuidados que se teria diante de um chefe ou potencial empregador. "Tem que ter cuidado com o comportamento e até o tipo de foto que se coloca no perfil. Pelo menos no LinkedIn, que é uma rede profissional, tem que ser uma foto mais corporativa, com roupa de trabalho, em um ambiente adequado", sugere Palermo.
Outra sugestão da coordenadora é preencher o perfil de forma estratégica. "Eu vejo muito no LinkedIn pessoas colocando ‘desempregado’ na ocupação. Isso não posiciona esse profissional. Quando eu vou fazer uma busca de candidato, eu procuro, por exemplo, por um profissional de marketing, esteja ele empregado ou não. Não procuro por um desempregado", pondera.
Mesmo no Facebook, que é uma rede mais pessoal, é preciso ter cuidado com o tipo de exposição. "As fotos postadas muitas vezes colocam as pessoas em situações ridículas, fotos em que a pessoa aparece embriagada, por exemplo", afirma.
O conteúdo postado nas redes também revela muito sobre a personalidade das pessoas e, por isso, também deve passar pelo filtro da cautela. Posts com viés preconceituoso, racista, intolerante não são bem vistos. "Não quero dizer que as pessoas não podem revelar suas opiniões nas redes, mas que isso não seja de forma preconceituosa. No LinkedIn, tenho minhas ressalvas: opiniões sobre assuntos que não sejam profissionais devem ficar fora dali", argumenta.
Fonte: Folha de Londrina, 26 de junho de 2017