Nos primeiros dias de janeiro, as Centrais Sindicais enviaram uma segunda Carta ao Presidente Jair Bolsonaro. Segunda, pois a primeira foi postada no correio nos primórdios de janeiro passado, quando a posse do Presidente ainda estava quente.

A Carta, na íntegra:
“Exmo. Sr. Jair Messias Bolsonaro
Digníssimo Presidente da República Federativa do Brasil.
Primeiramente, receba nossos votos de saúde, paz e prosperidade no ano que se inicia, que, nos parece, será de grandes desafios para o governo e de sacrifícios ao povo brasileiro.
Ao ensejo, vimos informar Vossa Excelência que não acusamos resposta à nossa Carta, enviada e publicada no início de janeiro de 2019, na qual pedíamos diálogo nas questões de interesse dos trabalhadores e do sindicalismo. Continuamos no aguardo.
De todo modo, dada a continuidade da crise e tendo em vista os problemas que se acumulam no campo do trabalho, vimos, respeitosamente, pleitear: 
1) Que o governo dialogue com o movimento sindical, sobretudo nas matérias de interesse do trabalhador; 
2) Que o sr. Presidente reveja sua decisão e acrescente ganho real ao salário mínimo, que é insuficiente para uma família viver com dignidade; 
3) Que o governo adote providências, urgentes, a fim de garantir celeridade nos pedidos de benefício junto ao INSS, bem como para acabar com as filas ultrajantes que se formam nos postos do Instituto.

Sr. Presidente:
Respeitamos a força do mandato popular. Mas, nem por isso, aceitamos de cabeça baixa todas as ações governamentais, como, por exemplo, a Medida Provisória 905, que precariza ainda mais as condições de trabalho e favorece, unilateralmente, o capital. Seria, a nosso ver, um gesto de bom senso, tornar sem efeito tal MP e dialogar, com o sindicalismo, sobre os temas que ela estabelece.
Para não dizer que somos do contra, manifestamos aqui nosso apoio à redução da taxa de juros, porque os juros altos asfixiam o setor produtivo e, na mesma proporção, impedem a geração de empregos”.
Seguem as assinaturas das Centrais reconhecidas por lei.
Os fatos - Pois bem. Tal Carta nunca foi escrita, não houve pressão sindical contra o arrocho do salário mínimo e às filas humilhantes de segurados do INSS. As mudanças, ou providências, foram adotadas pelo próprio governo, a seu critério.
Eu sou João Franzin, brasileiro, 63 anos, trabalhador desde os nove anos de idade, microempresário e seguidor do trabalhismo de Getúlio Vargas. Eu ganho muito mais que um salário mínimo, eu não estou precisando recorrer ao INSS, eu não serei prejudicado pela MP 905. Mas me sinto no dever de criar essa peça fictícia para lembrar que o sindicalismo, se quiser se tornar irrelevante perante a Nação brasileira, está no caminho certo.
Jornalista e coordenador da Agência Sindical. E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. - Telefones (11) 3214.55 17 e 3159.1961.