Para a CNI, a medida do governo Donald Trump, que retira o Brasil e mais 20 países da condição de economias em desenvolvimento, é uma ilegalidade por conta do fato de a medida "ter sido feita de forma unilateral, sem levar em conta as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)"

(Foto: Alan Santos/PR | Reuters)
 

247 - A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera "negativa e ilegal" a decisão dos EUA de reclassificar os países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, em investigações de medidas de defesa comercial. A informação é do colunista Jamil Chade, do UOL.

O governo Donald Trump anunciou que estava retirando o Brasil e mais 20 países da condição de economias em desenvolvimento em certos temas comerciais. Para a CNI, a ilegalidade seria caracterizada por conta do fato de a medida "ter sido feita de forma unilateral, sem levar em conta as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)".

De acordo com a entidade, a anunciada medida do governo americano é pontual e específica para combater subsídios desleais. "Mas, na avaliação da CNI, é um alerta do que está acontecendo no mundo, que não pode ser ignorado: os Estados Unidos vão manter e aprofundar a guerra comercial contra o desequilíbrio na concorrência internacional provocado pelo capitalismo de Estado chinês", disse.

A entidade diz que teme que a medida possa ter um impacto negativo sobre as exportações nacionais. "Atualmente, os setores de aço e de papel e celulose já são setores afetados por medidas compensatórias dos Estados Unidos. Com as novas regras, o governo americano pode ampliar a sobretarifa aplicada na importação desses produtos", alertou.

Apesar da preocupação dos empresários, o governo brasileiro disse em nota que não há motivos para tensão e ainda saiu em defesa do governo norte-americano.

"O ato norte-americano não singulariza o Brasil e se aplica a amplo conjunto de países, como, Argentina, Colômbia, México, China, Indonésia, Índia e África do Sul", explica a nota do Itamaraty. "A medida não acarreta nenhum impacto imediato para o Brasil, já que não há atualmente investigação de subsídios em curso nos EUA sobre produtos brasileiros", afirma o Itamaraty.

"O Brasil vem modernizando sua economia, de modo a potencializar forças de mercado. Não se priorizam políticas de subsídio como instrumento econômico, o que está em linha com o esforço mais amplo de reforma econômica do país e de aproximação aos padrões da OCDE, que disciplinam o uso de subsídios", completou.

Ainda assim, o Itamaraty garante que o governo brasileiro "monitorará os eventuais desdobramentos da matéria com atenção, à luz das disciplinas multilaterais aplicáveis".

A coluna havia perguntado se o governo havia sido informado da decisão americana antes de sua publicação. Mas a questão não foi respondida pelo Itamaraty.

Brasil 247