Para o professor de Economia da UFF André Nassif, mesmo que o governo brasileiro implemente um pacote robusto de resposta à crise, 2020 já pode ser considerado um ano perdido do ponto de vista econômico

Agentes de saúde sanitizam palácio tradicional de Suwon, na Coreia do Sul, por temor de disseminação do coronavírus da China.
Agentes de saúde sanitizam palácio tradicional de Suwon, na Coreia do Sul, por temor de disseminação do coronavírus da China. (Foto: Yonhap/via REUTERS)
 

Sputnik Brasil - O Boletim Focus desta segunda-feira dá a mais recente percepção da economia brasileira. Um estudo da FGV estima que o PIB brasileiro pode cair até 4,4% em 2020. Diversos bancos também já preveem contração do PIB no Brasil neste ano.

O professor da Faculdade de Economia da UFF – Universidade Federal Fluminense, André Nassif, em entrevista à Sputnik Brasil, disse que, mesmo que o governo brasileiro implemente um pacote robusto de resposta à crise, 2020 já pode ser considerado um ano perdido do ponto de vista econômico.

"2020 vai ser um ano mais que perdido. Eu não sei em que planeta vivem o mercado financeiro e o Banco Central do Brasil ao rever as previsões, ainda sim estimulando um crescimento da ordem de 1,48% em 2020. Isso só seria possível se o governo brasileiro [...] conseguisse ter uma resposta à crise sanitária mais efeciente do que países como China, Alemanha e França, que aparentemente parecem dar respostas mais rápidas a tempo de conseguirem reverter os impactos econômicos e sociais devastadores dessa crise", argumentou.

De acordo com o economista, a pandemia do coronavírus vai causar a "crise econômica e social mais séria, e talvez sem precedentes, da história econômica do capitalismo".

"Ou seja, porque eu estimo otimisticamente que a gente vai ter uma queda de 3,9% no mínimo do PIB, portanto uma variação negativa de algo próximo a 4% na melhor das hipóteses, mas é muito provável que essa contração seja ainda maior", disse.

"Vai ser necessária uma quarentena de cerca de três meses no Brasil, e mais cedo ou mais tarde, seguindo o que todos os países que optaram pela forma de mitigação da epidemia, as empresas vão ter que paralisar, a maioria do aparato produtivo vai ter que paralisar a produção. Então vai ser uma contração e paralisação brutais de demanda agregada. Então não há como escapar de uma catástrofe", completou o professor de economia da UFF.

Brasil 247