O ato, marcado para esta quinta-feira (7), tenta aparentar espontaneidade, mas apresenta boa capacidade de coordenação e diálogo com lideranças conservadoras.

Entidades ligadas à extrema-direita na Argentina estão convocando, via Twitter, um protesto contra o governo do presidente Alberto Fernández e o isolamento social que vem sendo colocado em prática – com sucesso – no país, durante a pandemia do novo coronavírus.

Diversos perfis estão divulgando a arte acima, com o propósito de protestar nesta quinta-feira (7), em todas as grandes cidades argentinas. “Vamos voltar às ruas em todas as esquinas do país. Revolução das máscaras”, pode-se ler em algumas convocações. Fala-se também em “liberdade, República e Justiça” e, em alguns chamados, o movimento é mais explícito e se assume como antigovernista.

O ato, que tenta aparentar espontaneidade, apresenta boa capacidade de coordenação. Há orientações para que seja mantida distância entre os que forem às ruas, mas também se fala em panelaços de apoio nas sacadas e janelas.

Quarentena exemplar

A despeito das críticas de setores da direita, saudosos do período em que Mauricio Macri presidiu o país, a Argentina vem sendo reconhecida internacionalmente como um exemplo de conduta durante a pandemia. Um indicador desse trabalho é a popularidade de Fernández, cuja aprovação chegou a 85% no final de abril.

Até esta quarta-feira (6), havia 5.195 casos confirmados de Covid-19, com 273 mortos. A Argentina tem cerca de 45 milhões de habitantes e, em algumas semanas, conseguiu manter mais de 90% de sua população em casa. O Brasil, como comparação, com seus 208 milhões de habitantes, ultrapassou as 8 mil mortes nesta quarta-feira.

Crise carcerária

O primeiro arranhão na popularidade de Fernández se deu por conta da crise carcerária que começa a ganhar corpo em algumas cidades. Há registro de rebeliões e greves de fome em diversos presídios, por conta de funcionários e presos contaminados.

Diante do quadro, Fernández se mostrou favorável a atender recomendações da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, no sentido de transferir detentos com penas leves para o regime de prisão domiciliar. Como resultado, cerca de 1.700 foram libertados, entre eles alguns que cometeram crimes graves.

A Justiça do país emitiu contrariedade em relação à medida, que foi revogada na última terça-feira. Os protestos convocados pela direita argentina tentar aproveitar esse vácuo. O chefe de governo da cidade de Buenos Aires, Horacio Larreta, aliado de Macri, afirma que “não é correto pedir que as pessoas comuns fiquem em casa, enquanto colocamos delinquentes nas ruas”.

O presidente, por sua vez, reafirmou que acatará da melhor maneira o que a Justiça definir. “Há uma campanha na mídia para dizer que o governo favorece criminosos, mas em nosso país a solução desses problemas sairá dos tribunais”, afirmou Fernández.

Com informações de agências

Vermelho