Por Arícia Martins, Valor — São Paulo

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) passou a projetar crescimento de 4,8% para a economia brasileira em 2021, segundo o documento “Visão Geral”, publicado hoje, que faz parte da Carta de Conjuntura referente ao segundo trimestre. Na edição anterior do relatório, a expansão prevista para o Produto Interno Bruto (PIB) no ano era de 3%. Para 2022, o instituto trabalha com alta de 2% no PIB.

“A queda na mobilidade de trabalhadores e consumidores foi menos intensa e persistente do que no início da pandemia, e a economia parece ter aprendido a produzir e vender mesmo com menor grau de mobilidade”, afirmam os pesquisadores do Ipea, que veem recuperação significativa da atividade desde o terceiro trimestre de 2020.

A pandemia, de acordo com eles, segue representando um obstáculo a uma retomada mais forte da atividade econômica, mas o crescimento deve ficar mais sustentado no segundo semestre, avaliam os economistas. Como influências positivas no período, os pesquisadores mencionam o avanço da vacinação, o ambiente externo favorável e a redução das incertezas fiscais no curto prazo.

Em que pese a dinâmica desigual da retomada entre os setores, o cenário internacional benigno tem sido um fator importante para explicar por que a economia se descolou da piora da crise sanitária na visão dos economistas do Ipea. As economias desenvolvidas e a China têm mostrado crescimento robusto, apontam eles, o que favorece o Brasil por meio da valorização de commodities, do aumento do comércio exterior e dos fluxos de capital para países emergentes.

Em relação à inflação, por outro lado, o cenário se deteriorou, avalia o Ipea, que passou a prever aumento de 5,9% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021, ante 5,3% anteriormente. O teto da meta para o ano é 5,25%.

“Ainda que ocorra melhora no cenário de câmbio, a continuada aceleração dos preços das commodities no mercado internacional vem mantendo os índices de preços ao produtor pressionados, possibilitando altas adicionais nos preços dos bens de consumo industriais no varejo”, explicam os economistas.

Por isso, o instituto elevou a projeção para a inflação de bens industriais no varejo em 2021 de 4,3% para 4,8%. A estimativa para a alta de preços administrados no período também foi revisada para cima, de 8,4% a 9,7%, principalmente devido ao encarecimento maior esperado para a tarifa de eletricidade residencial. A projeção para a alta dos serviços livres (exceto educação) passou de 4% para 4,2%.

Este conteúdo foi publicado originalmente no Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.

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