A quarta edição do Seminário Internacional Trabalho Seguro contou esta tarde com a participação do médico Eduardo Ferreira Arantes, especialista em Medicina do Trabalho, Ergonomia e Gestão de Saúde da Beecorp – Bem-Estar Corporativo. Com o foco na prevenção para os transtornos mentais e comportamentais relacionados ao trabalho, Arantes disse que as empresas precisam investir na promoção de saúde no ambiente de trabalho. “Se você acha a promoção de saúde cara, experimente a doença”, disse o médico, que vem tratando do assunto há mais de 20 anos.

Entre os transtornos mais comuns, estão o de humor, como a depressão, transtornos neuróticos (síndrome do pânico e estresse pós-traumático, por exemplo) e o uso de substâncias psicoativas, como o álcool e as drogas.

                         

Custos

Segundo Arantes, todos perdem em relação aos custos dos tratamentos psicossociais: indivíduos, empresas e sociedade. “Para o indivíduo, perdas financeiras e despesas adicionais com consultas médicas, medicamentos e tratamento hospitalar; para empresas, custos de absenteísmo, aposentadoria precoce, compensação e indenização; e, para a sociedade, os custos médicos que são financiados pelo Estado, bem como custos relacionados ao afastamento ou aposentadoria precoce”, explicou.

A relação entre o custo de tratamento e os investimentos na mudança de estilo de vida também foi ressaltada pelo especialista. Dados apontados em 2013 sobre o impacto de investimentos orçamentários do setor da saúde na mortalidade apontam que um investimento de 90% dos recursos para manter e ampliar a rede de serviços para diagnóstico e tratamento correspondia a 11% da redução da mortalidade. Já com investimento de 1,5% na mudança de estilo de vida a redução da mortalidade subiria para 43%.

A questão da perda de capital tem levado gestores públicos e privados a buscar melhorias da imagem das empresas, maior engajamento funcional e mudanças de gestão para reduzir o absenteísmo por doenças e acidentes. Por outro lado, são cada vez mais constantes casos de assédio moral, bullying e pressão para atingir metas nas empresas. Quanto a esta, Arantes acredita que quanto mais rígida for a organização do trabalho, mais a divisão do trabalho é acentuada, menor é o conteúdo significativo do trabalho e menores são as possibilidades de mudá-lo. “A consequência é uma só: o sofrimento aumenta”, observou.

Dentro do sistema de gestão de fatores de riscos psicossociais e organização do trabalho, o especialista acredita que é preciso que as empresas estabeleçam diretrizes para prevenção de estresse relacionado ao trabalho, com a indicação de elementos chave para gestão sistemática e efetiva desses fatores. “Promover um ambiente de trabalho feliz e saudável associado a uma empresa produtiva e competitiva é fundamental”, concluiu.

                

Fonte: TST, 20 de outubro de 2017