Por Lucianne Carneiro, Valor — Rio

O número de trabalhadores informais atingiu recorde de 39,129 milhões de pessoas no trimestre encerrado em maio de 2022, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado representa uma alta de 2,1% frente ao trimestre anterior, uma diferença de 803 mil pessoas. Na população ocupada como um todo, no entanto, o aumento foi mais expressivo, de 2,4%, para 97,516 milhões, resultado também recorde.

No período de março a maio de 2022, a taxa de informalidade foi de 40,1% da população ocupada, contra 40,2% no trimestre anterior e 39,5% em igual trimestre de 2021.

Coordenadora das pesquisas por amostra de domicílios do IBGE, Adriana Beringuy afirma que a informalidade no Brasil é elevada e uma característica estrutural do nosso mercado de trabalho. Ainda que o número agora seja recorde, mesmo antes da pandemia o total de trabalhadores informais no país já estava perto disso.

“É uma informalidade elevada. [...] Mas a informalidade sempre operou em patamares elevados. Estamos com informalidade recorde, com 39, 1 milhões de trabalhadores informais, mas se você reparar, lá em 2019, que era pré-pandemia, também estava operando com contingente elevado, de 38,7 milhões. A informalidade faz parte da estrutura de ocupação do mercado de trabalho brasileiro. É uma característica do nosso mercado de trabalho ter essa participação importante do trabalhador informal, seja pelo conta própria ou sem carteira. É uma característica quase estrutural”, diz ela.

Um momento diferente nessa situação da informalidade foi no início da pandemia, destaca Beringuy, quando o isolamento social mais rígido obrigou a retirada de trabalhadores do mercado, reduzindo os informais. No trimestre encerrado em agosto de 2020, por exemplo, o país atingiu o piso de 31,092 milhões de trabalhadores informais. “O ponto mais destoante foi por causa do impacto inicial da pandemia, que tirou a possibilidade de atuação desses trabalhadores, mas tão logo isso foi possível eles retornam e voltam a patamares registrados anteriormente”, nota.

A despeito do recorde em trabalhadores informais, a coordenadora do IBGE ressalta que o mercado de trabalho formal voltou a ter um peso na geração de postos de trabalho no país no período mais recente. “O que a gente vê é que mais recentemente é que a carteira, depois de período sem grandes movimentos, teve uma expansão maior”, diz.

Como exemplo, o número de trabalhadores com carteira assinada no trimestre encerrado em maio cresceu 2,8%, para 35,576 milhões de pessoas, enquanto a expansão da população ocupada como um todo foi de 2,4%, para 97,516 milhões.

Valor Investe

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