Número de trabalhadores que atuam por conta própria passa dos 22 milhões.

Fábio Pìres deixou a área de Turismo para vender pães e ser feliz (foto: Franklin de Freitas)
                                                                     

A situação econômica e o grande número de desempregados no país tem levado trabalhadores a procurarem formas alternativas para sobreviver ou aumentar a renda. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) relativa ao segundo semestre deste ano, divulgada pelo IBGE, a melhora no mercado de trabalho em relação ao primeiro semestre, com recuo de 13% no desemprego, foi causada principalmente pelo aumento da informalidade. A queda do emprego formal é tanta que já surgem sites e aplicativos especializados em ofertar bicos.

O levantamento do IBGE mostra que, em abril, maio e junho, o número de trabalhadores que atuam por conta própria cresceu 1,8% no país em comparação com o primeiro trimestre deste ano, para 22,5 milhões de pessoas. O número de desempregados ainda é alto: 13,5 milhões. As previsões indicam que o ano termine com uma taxa média de desemprego perto dos 13% da população economicamente ativa – 2016 terminou com uma taxa de 11,5%. Neste cenário, é preciso ser criativo e aproveitar as oportunidades. Foi o que fez Fábio Pìres, de 34 anos. Formado em Turismo e depois de atuar durante dez anos em agências de viagem, Fábio se viu desempregado e sem alternativas de renda. A saída foi aproveitar a formação da esposa em Gastronomia e correr as ruas de Curitiba para vender pães.

Hoje, com a Balacobaco, que vende pães recheados em escritórios e estalecimentos comerciais, Fábio lucra em média quatro vezes mais do que ganhava trabalhando em agências de turismo. “Fiquei desempregado e estava sem perspectivas, não consegui me recolocar na área”, conta. “Daí surgiu essa ideia de trabalhar com alimentos. Fazemos os pães pela manhã, em casa, e à tarde saio para vender, cada dia em uma região”.

Fábio diz que é mais feliz trabalhando por conta própria, mesmo sem garantias como férias, FGTS e 13º salário. “Eu gosto de sair e fazer meu próprio horário”, comenta. “O normal é não voltar com nenhum pão para casa, vendo em média 20 pães por dia”. Os produtos variam de R$ 9 a R$ 15. A ideia é aumentar a produção. “Muita gente já me conhece. Talvez eu aumente a produção e tenha que contratar um vendedor”.

                              

Na internet

O aumento da informalidade no Brasil levou empreendedores a investirem em ferramentas que facilitam a oferta de produtos e serviços. Um exemplo é o site Bicos (www.bicos.com.br), que lista profissionais e os coloca em contato com possíveis interessados.

Lançado oficialmente em janeiro de 2015, o site está presente em cerca de mil cidades brasileiras. Segundo o CEO do Bicos, Kléber Costa, nos últimos 12 meses o número de cadastrados cresceu 120%. “A demanda crescente vertiginosamente, a situação do país gera dificuldades para o mercado formal e acaba surgindo essa necessidade. Muitas pessoas perderam postos de trabalhos e as contas não param. O bico é uma alternativa de segunda renda ou de primeira renda mesmo”, diz Costa.

A plataforma possui cinco grandes eixos de serviços: casa, cuidados pessoais, aulas particulares, transporte e eventos. O cadastro é gratuito, mas quem oferece os serviços e produtos pode fazer um plano em que paga R$ 19,90 mensais e amplia o raio de possíveis contratantes. Os cadastrados também podem responder a perguntas sobre antecedentes criminais, por exemplo, que aumentam seu ranqueamento.

                                       

Longevou

Outro exemplo de tecnologia a serviço da renda extra é o aplicativo Longevou, criado para conectar pessoas com mais de 50 anos que querem oferecer serviços e produtos e o público consumidor. A ideia é do gaúcho Fábio Steffler, que trabalha com ferrovias. “Nas ferrovias, vemos muitas pessoas se aposentando ou sendo dispensadas por conta da idade, mas que possuem grande experiência. Por isso o Longevou surgiu. O aplicativo dá oportunidade para profissionais oferecerem os seus serviços a pessoas socialmente conscientes os contratarem”.

                                                 

Fonte: Bem Paraná, 18 de agosto de 2017