Eleito com uma agenda contrária ao PT, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), diz que atualmente é a favor de uma frente que inclua a centro-esquerda. Defende que é preciso haver um diálogo “contra os extremos” nas eleições de 2022.
Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo o tucano justifica a mudança de posição dizendo que “o comportamento das pessoas muda ao longo do tempo.”
Para o governador, “a frente não deve ser contra [o presidente Jair] Bolsonaro, mas a favor do Brasil”.
Doria diz que “a eleição de Bolsonaro foi 1 grande erro para o Brasil“. “O Bolsonaro prometeu 1 país liberal, economia globalizada, combate à corrupção. E não fez.”
“[A frente] Comporta o pensamento liberal de centro, que é o que eu pratico, mas comporta também centro-direita, centro-esquerda, aqueles que têm um pensamento mais à esquerda e à direita”, explicou o governador.
Ao ser indagado sobre com quem acha ser possível um diálogo no campo da centro-esquerda, Doria evitou nominar partidos. Segundo ele, poderia haver entendimento “com todos aqueles que integram 1 sentimento múltiplo, compartilhador e dedicado ao país, sem interesses pessoais se sobrepondo ao interesse do país”.
Entre eles, o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Justiça), que, segundo Doria, “deve fazer parte dessa frente”. “[Moro] Tem história, biografia e posicionamento. Nunca declarou que era candidato. Sempre teve altivez e grandeza para defender o país, independentemente dos interesses pessoais”.
Doria também evitou falar em quem lideraria essa frente. “O PSDB deve participar desse movimento, mas não é preciso liderar. Esse é 1 movimento de compartilhamento, não de exclusão ou de escolha, um lidera e os outros são liderados. Todos devem liderar”, disse.
Candidatura em 2022
Doria não fala se será ou não candidato à Presidência da República em 2022. Mas descarta tentar a reeleição ao cargo de governador.
“Sou contra a reeleição. Sempre defendi mandato único de 5 anos. Não critico nem condeno os que disputam reeleição, como Bruno Covas [candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo]. Mas eu, por ser contra a reeleição, vou manter a minha coerência. Não vou disputar a reeleição”, afirma.
COVID-19
O governador nega que tenha politizado a vacina contra a covid-19. “Os governadores estão unidos. Todos defendem as vacinas, a vida, e não a politização nem da vacina nem da covid. O único que faz essa defesa hoje se chama Jair Bolsonaro”, diz Doria.
“Nós defendemos a vida, a ciência e a saúde. Vacina não deve ser avaliada pela origem, mas pela eficácia.”
O governo de São Paulo tem acordo com a farmacêutica chinesa Sinovac, responsável pela CoronaVac. No fim de outubro, o Ministério da Saúde informou que compraria 46milhões de doses do imunizante. O protocolo de intenções que estabelece as condições da compra foi assinado pelo ministro Eduardo Pazuello. Um dia depois, o presidente Jair Bolsonaro decidiu cancelar o acordo.
Na época, Bolsonaro afirmou que seu governo não compraria “vacina da China” e não manteria diálogo com o governo de Doria.
O governador fala também sobre a decisão de colocar as regiões do Estado nas fases amarela e verde do Plano São Paulo, as mais flexíveis. O plano foi criado para controlar os estágios da quarentena nas diversas regiões do Estado.
“Não há nenhuma relação do aumento dos casos de covid-19 em São Paulo com o Plano São Paulo”, falou. “A correlação está no relaxamento que estão, infelizmente, adotando. As pessoas estão saindo sem máscara, participando de aglomerações, festas e encontros em momento inadequado. Enquanto não tivermos a vacina, as pessoas devem se preservar”.
Fonte: Poder360
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